Já tem alguns meses que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está preocupada com o desequilíbrio entre exportações e importações de carros no Brasil.
Em seu último balanço sobre a indústria automobilística, publicado neste mês de janeiro, a Associação destacou que para 2025 é preciso deixar os volumes mais equilibrados.
“Neste ano é preciso reequilibrar os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024”, explicou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
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No ano passado, ao todo, 398,5 mil automóveis foram enviados para outros países. Por outro lado, foram 466,5 mil importações (alta de 33%).
Porém, parece que a tentativa de frear as importações dos chineses terá de ser via Ministério. É que a Anfavea está com estudos de mercado em andamentos para averiguar a prática de dumping das montadoras chinesas, como BYD e GWM. O termo dumping refere-se a uma prática comercial considerada desleal, quando os produtos estão sendo vendidos com preço abaixo ao custo de produção.
Procuramos a Anfavea para saber a posição da entidade sobre o assunto. “Há estudos de mercado em andamento. A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças”, diz nota enviada pela assessoria, em nome do presidente da Anfavea.
O que dizem as montadoras?
A BYD negou qualquer prática de dumping na venda dos veículos no Brasil. Nosso foco está em oferecer produtos de qualidade e sustentáveis, alinhados às normas de mercado e legislações vigentes. “Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade”, diz trecho na nota enviada pela montadora chinesa.
Já a GWM disse que enxerga a ação com tranquilidade. “A GWM informa que vê a ação com tranquilidade, pois segue estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior. Além disso, a empresa está aumentando o ritmo de contratações no Brasil visando o início de produção dos seus primeiros carros eletrificados na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, prevista para o primeiro semestre deste ano”, informou a empresa.
A reportagem também acionou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que conduz esse tipo de ação. Porém, até a publicação desta reportagem, a pasta informou que não recebeu nenhuma demanda.
“Até o momento, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (SECEX /MDIC), não recebeu nenhuma petição relacionada ao assunto”, afirmou o Ministério.