Na China, o dia estava amanhecendo e do lado de cá do mundo, no Brasil, recebo no começo da noite, a confirmação da entrevista com o vice-presidente da Chery Automobile. A oportunidade de entender melhor o momento do fabricante, a partir do mercado chinês, seus veículos e como as novas tecnologias de automação e eletrificação estão impactando no desenvolvimento dos carros. Raymond Bierzynski conversou conosco e revelou como a empresa está enxergando o futuro.
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Ray, como vamos chamá-lo, iniciou a conversa associando as mudanças na estrutura e no comportamento dos elementos que compõem o design, o traço do carro oriental não é mais o mesmo e isso já faz um bom tempo. A Chery dentro desse conceito de arquitetura internacional está ampliando o que ele chama de combinação entre tecnologia e projeção das peças. “O cliente em toda parte do mundo vai identificar nosso carro”.
Nos elétricos, as grades frontais e os sensores se tornaram elementos do design, para todas as marcas. Os faróis cada vez mais inteligentes receberam o que ele chama de reforço de tecnologias (com inteligência). As partes deixaram de ter as exclusivas funções de estética e de iluminação e passaram a se transformar em amigos dos condutores. “Observe que agora eles reconhecem o que vem na sua frente e abaixam o facho para não incomodar o vizinho”. Argumentou Ray que ainda disse mais sobre o carro ser amigo do homem.
O executivo pontuou que a Chery está vivendo um grande momento de harmonia de design e internamente eles estão conseguindo integrar a tecnologia, o motorista e o automóvel em uma só sintonia. “Vamos oferecer experiências cada vez mais integradas”.
Perguntei sobre o Lion, sistema de inteligência artificial disponível nos modelos mais completos da gama e, que foi apresentado como a nova era da Chery, no Shanghai Auto Show de 2019.
A resposta do Ray foi direta no segundo movimento da tecnologia onde o primeiro, o Lion foi só o princípio e agora vai além de reconhece o condutor, seus hábitos, o olhar para apostar no comando de voz, nas telas centrais ficando maiores, permitindo mais sensibilidade dos motoristas, e a Chery conectada ao presente e bem alinhada com o futuro. “Os donos dos carros já estão exigindo isso, veja o movimento dos celulares, função e imagem”. O aperfeiçoamento do conhecimento de voz onde os comandos serão aliados do volante, do modo de dirigir. A inteligência artificial vai ajudar ainda mais na governabilidade do veículo, sendo ele autônomo ou não.
Questionei sobre o Brasil e o design como ponto de referência dos consumidores. Ray Bierzynski disse que a Chery em conjunto com o gupo CAOA acertou na estratégia. Na evolução dos produtos? Sim. Desde o princípio, quando o CEO Márcio Alfonso, da CAOA Chery ao lado de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, destacava que não poderia errar em absolutamente nada e, os automóveis deveriam encantar pela qualidade e entrega da engenharia.
Bierzynski destacou também que a Chery Automobile acompanha todos os processos e mesmo na China eles realizam clínicas onde ouvem os clientes do Brasil e entendem o benchmarking (que consiste no processo de melhoras práticas) com os competidores no país. O time de design é um dos mais globais do mundo e descobriram bem o que cada mercado exige.
E quanto ao Tiggo 3X? Não dava para encerrar sem essa. O carro faz sucesso na China e o que a Chery espera do próximo lançamento da marca no Brasil? O desenvolvimento caprichou no produto e a engenharia no país acertou a mão no conjunto caixa, motor e suspensão. O lançamento será nos próximos 15 dias e deve repetir o sucesso de todos os produtos.
Carros elétricos
Como a Chery enxerga o mercado e como vai avançar nesse processo de eletrificação? A empresa tem uma tradição no segmento e no Brasil vocês conhecem o Arrizo 5, foi o que disse. Mas a Chery está investindo em novas tecnologias de automação, integração e baterias com autonomias maiores.
No Salão
A Chery Automobile exibiu no Salão do Automóvel de Shangai, a plataforma Chery 4.0 Broad Power Architecture, disponível para atender as novas demandas de carros a combustão, híbridos e elétricos. A proposta amplia o discurso do vice-presidente executivo, Ray Bierzynski, que argumentou, no começo da nossa conversa, sobre as tendências de eletro mobilidade, conectividade, direção autônoma, novos conceitos de mobilidade e digitalização dos automóveis. Seria o carro cada vez mais rico em sentimentos? Acho que sim.
A empresa é a primeira automotiva na China a criar tecnologias de energia de forma independente. A Chery 4.0 Broad Power Architecture vai trabalhar no programa de desenvolvimento econômico circular, verde e de baixo carbono. Porque as soluções com hidrogênio não estão esquecidas. O PHEV e o HEV, baseados na nova tecnologia híbrida, também serão totalmente aplicados aos projetos da marca, trazendo opções de energia mais avançadas e diversificadas aos usuários.
Mas não para por aí porque as informações da Chery dão conta do lançamento da plataforma @LIFE, criada com base nos resultados dos últimos 20 anos de produção e feita para carros inteligentes. A estrutura fez sua estreia mundial no salão que também apresentou os conceitos da família Ant, o Little Ant Z e o Big Ant X.
Com foco na geração Z, o Little Ant Z apresenta uma nova linguagem de design além de ser o primeiro modelo produzido em grande escala da Chery New Energy. O carro pode ser personalizado para melhor atender às diferentes necessidades dos usuários. Já o Big Ant X possui uma cabine futurista, o que faz com que os passageiros se sintam como se estivessem em uma nave estelar viajando pelo universo. Esse é bem coisa do outro mundo.
A ação nas redes sociais a partir da China também foi outro ponto de conectividade envolvendo o usuário e a nova experiencial global da marca. A #techornot nasceu para o consumidor compartilhar o impacto das tecnologias automotivas em suas vidas e proprietários de veículos da Chery de todo mundo (não esqueça do Brasil) foram convidados a participar.