A General Motors (GM) está enfrentando um novo processo judicial no estado de Nebraska, nos Estados Unidos, sob a acusação de coletar e vender dados de direção de motoristas sem consentimento explícito. A ação foi movida pelo procurador-geral de Nebraska, Mike Hilgers, e tem como foco a atuação da montadora por meio do sistema OnStar, tecnologia embarcada em diversos veículos da marca.
De acordo com a ação, a GM teria coletado informações como velocidade do veículo, uso do cinto de segurança, frenagens bruscas, curvas fechadas, datas e horários de viagem, além da distância percorrida. Esses dados teriam sido usados para calcular uma “Pontuação de Condução” associada a cada motorista, posteriormente compartilhada com empresas terceirizadas e seguradoras.
LEIA MAIS
+ Chevrolet terá novo SUV compacto em 2026 produzido em Gravataí (RS)
O processo afirma que a prática afetou milhares de veículos registrados em Nebraska, e que a GM teria lucrado com pagamentos fixos, royalties e acordos comerciais com base na venda dessas informações. Segundo Hilgers, os consumidores não foram informados de maneira clara sobre o uso e o compartilhamento desses dados.
A defesa da GM tem argumentado, em situações semelhantes, que os motoristas consentiram com o uso dos dados ao aceitar os termos do sistema OnStar. No entanto, o procurador-geral contesta essa justificativa, alegando que a empresa usou “táticas enganosas” para obter autorização dos usuários. Ele também afirma que os consumidores não tinham plena ciência de que essas informações poderiam impactar, por exemplo, o valor de seus seguros.
“A GM decidiu não dizer honestamente aos habitantes de Nebraska que seus dados de direção seriam utilizados por seguradoras”, disse Hilgers em nota oficial. “Nosso papel é garantir que as empresas operem com transparência.”
Contexto e outros desdobramentos
A denúncia segue uma série de investigações e ações semelhantes contra a GM e outras montadoras nos Estados Unidos. Em 2024, o estado de Arkansas já havia processado a fabricante com base em reportagens que mostravam o compartilhamento de dados com corretores e seguradoras.
O caso levanta discussões mais amplas sobre privacidade e conectividade nos veículos modernos. À medida que os carros se tornam mais conectados, cresce o debate sobre quem realmente controla os dados gerados pelo uso cotidiano dos veículos.
A ação movida pelo estado pede:
-
Penalidades civis contra a GM e a OnStar
-
Restituição financeira aos motoristas afetados
-
Uma ordem judicial que impeça a continuidade dessas práticas
O processo ainda está em fase inicial e poderá ter implicações tanto legais quanto comerciais para a GM, especialmente em um momento em que a confiança do consumidor e a transparência no uso de dados ganham relevância global.