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China no Brasil: novas marcas e fabricas movimentam a indústria automotiva

PEQUIM (China) – A reindustrialização do setor automotivo no Brasil deve decolar entre 2025 e 2026. Vindo da China, novas marcas, além da GWM, BYD, CAOA Chery, JAC e Seres, estão começando a operar ou iniciando contatos com o governo federal e empresários candidatos a representar as novas empresas no país.

Os projetos estão em andamento e a notícia circula nos bastidores da indústria. Em recente conversa com os revendedores da Chevrolet, o presidente da montadora, Santiago Chamorro, disse que cerca de 20 novas chinesas contactaram o governo mostrando interesse em participar do mercado brasileiro.

Para entender o futuro, basta fazer a leitura do Auto Show da China, que termina neste domingo em Pequim, acompanhar as consultas dos representantes de diversas marcas, montadoras de prestígio local como a GAC, Xpend, Changan, MG e a Huawei, por exemplo, essa mesmo, a dos celulares. E vale destacar que a Xiaomi não tratou do assunto, pelo menos por enquanto.

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Será que teremos um novo conceito de loja vendendo smartphones, gadgets e carros, como na Ásia? Bem provável que no segundo momento isso aconteça. Só enxergar o plano da BYD no Brasil para as telhas solares dentro do negócio de autos.

A Huawei contatou empresários brasileiros que já fizeram uma visita ao HQ da marca, conheceram processos e ouviram sobre a Aito. Bandeira que tem, por exemplo, um SUV de prestígio na plataforma de vendas deles e certamente o carro chefe da operação Brasil. Os contatados pediram sigilo da fonte ao UOL.

Em Pequim, durante visita técnica às instalações da GWM e da Svolt, empresa de baterias do grupo, Márcio Lima, presidente da Anfavea, acompanhado do presidente da ABVE, Ricardo Bastos, falou à reportagem que o Brasil precisa voltar aos tempos da reindustrialização e o plano do governo com o Mover está impulsionando isso.

“O retorno do imposto de importação para híbridos e elétricos alavancou o interesse dos chineses em investir em produzir no país e não somente importar. Márcio também destacou que não dava para ficar “no camarote” vendo os produtos chegarem da China com taxa zero combatendo o que produz a indústria nacional.

Os carros da China vivem um alto padrão de construção e pela experiência e avaliação local, na carona e no uso dos aplicativos, modelos de 2017, 2018 por exemplo, em pleno gozo de resistência e uso, provam durabilidade calando os críticos leigos que dizem: “quero ver esses carros daqui há três anos”. É preciso ser mais do que São Tomé, digo. O “influenciador” tem que conhecer de perto para entender o momento e fazer um novo setup que confronta o achismo versus a realidade. O mundo dos carros mudou e ele não virá do Japão, da Europa e nem da Coreia do Sul apenas. Está vindo da China.

O presidente da Anfavea, também destacou que o crescimento do setor não será percebido em 2024, com a previsão dos 2,2 milhões, mas sim a partir do ano que vem e com mais clareza em 2026. “Os chineses, como novos players, estão crescendo mas sem representar uma grande movimentação contra o volume dos carros feitos no país. Eles estão na competição e, sim começaram a tirar participação dos líderes do mercado”, afirmou.

BYD e GWM, sem aumentar de preço absolveram os primeiros 10% e ninguém sabe ainda se, na metade do ano, com a segunda fase da alíquota vão subir seus valores. Juntos vem registrando no mês a mês volumes crescentes de vendas e liderança entre elétricos e híbridos.

As marcas não participam do mercado a combustão e não atuam com a tecnologia híbrida leve, defesa direta da indústria nacional para modelos como Fastback, Pulse, Compass, T-Cross entre outros. A brasileira Moura, um dos maiores fabricantes de baterias do mundo, entrou no segmento para produção das baterias 48 volts que equiparão os híbridos leves flex nacionais.

O diesel vai morrer?
Outra mudança que será implementada a partir do final do ano e ao longo dos próximos dois anos, isso não demora muito, será o começo da troca da cultura do diesel e o avanço do segmento híbrido para as picapes médias. Mais uma vez BYD e GWM vão protagonizar o ingresso dos seus modelos com a mistura da combustão e do sistema elétrico.

Omoda e Jaecoo
Na China, durante a convenção da Chery Internacional, a empresa que vai fazer a estreia das marcas Omoda e Jaecoo no próximo semestre no Brasil e já definiu a rede de distribuidores, apresentou o Omoda 5 nas duas versões, híbrida leve e elétrica assim como o J7 da Jaecoo. Os SUVs desembarcam antes da chegada do luxoso J8, que estará à venda a partir de abril de 2025, esse, é uma variação do Tiggo 9, que será vendido pela CAOA Chery. O gigante chinês Chery Internacional também surpreendeu ao afirmar que logo em breve eles vão revelar sua primeira picape híbrida com opção elétrica.

Omoda 7 | Foto: Jorge Moraes

Na apresentação do novo Tiggo 8 Pro, que chegará como modelo 2025 a partir de junho e também do Tiggo 9, no ano que vem, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, conversou diretamente a presidência da Chery, mostrou prestígio ao revelar o carro na coletiva de imprensa do salão e se destacou nas redes sociais do grupo. “Estamos otimistas com o futuro e com a nossa estratégia para o crescimento da empresa no país”, destacou o industrial, que estava acompanhado do time de engenharia e comercial da CAOA. A empresa lidera a produção do SUV médio a combustão no Brasil, a partir de Anápolis, GO, com o Tiggo 7 Sport. O diretor da CAOA, Roberto Pedrosa, reforçou o trabalho de comprometimento da fábrica antender a crescente demanda e o volume de produção. “Temos cerca de 10 mil pedidos do carro e estamos foçados em acelerar os processos de atendimento”.

A MG vem por aí
Tá registrando a abertura da empresa no país e vai acontecer esse mês. A intensão é ter fábrica do grupo SAIC. O banco Safra organizou uma trip para a China e por lá visitaram a SAIC em Shanghai. Lá andaram nos carros e discutiram o mix com o comitê que está gerindo o negócio. Os dois primeiros são o MG4, 100% elétrico (esse está garantido), um SUV híbrido e o roadster elétrico Cybester. A marca em mais de 90 países, está completando 100 anos e sua origem é britânica. A marca também vai produzir carros a combustão no país.

MG4 | Foto: Divulgação

Quanto a novata Zeekr deverá ser menor ou igual a Seres, que tem ponto de venda em São Paulo e pela expressão do momento a proposta está localizada no eixo “mais econômico do país”. É uma questão de nicho, mesmo enxergando o modelo X, como uma das estrelas do Auto China.

Logística e fábricas
Os governos estaduais estão de olho no movimento chinês e assim como Jacareí, fábrica pronta para voltar à cena em São Paulo, estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco partiram para tentar seduzir os investidores da China que vão anunciar novas fábricas no país, mesmo que no regime inicial de CKD para montagem local. A fabricação gera um novo olhar sobre a tributação, é facilitadora e agora vive a fase do amadurecimento com a releitura sobre o plano anterior do governo Dilma, que trouxe o Inovar auto, e fábricas que fecharam e outras que permanecem com baixo volume.

Suape
O Complexo de Suape, esqueça a questão dos incentivos porque essa balança está equilibrada, pela logística e as tratativas do governo Raquel Lyra, é um candidato pronto para receber uma nova planta de automóveis. O polo automotivo Stellantis, em Goiana, PE, é um colaborador desse processo porque no entorno dele existe um parque de fornecedores na região pronto para ser multiplicado.

* Jorge viajou para a China a convite da GWM e Omoda Jaecoo

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