O interesse dos consumidores por veículos híbridos segue em alta, enquanto a procura por modelos 100% elétricos ainda avança de forma tímida. É o que mostra o estudo Global Automotive Consumer, elaborado pela consultoria Deloitte com 30 mil entrevistados em 30 países, entre outubro e dezembro de 2024.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 26% dos consumidores pretendem comprar um carro híbrido em sua próxima aquisição, um aumento de seis pontos percentuais em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, a intenção de compra de veículos com motor a combustão caiu para 62%, enquanto os elétricos registraram apenas 5% das preferências.
Para a Deloitte, o aumento da procura por híbridos está ligado ao desejo por um modelo que una menor impacto ambiental com maior conveniência. A recarga ainda limitada dos veículos elétricos, com poucos pontos de abastecimento e tempo elevado de recarga, é um dos principais entraves para o avanço da eletrificação total.
LEIA MAIS
+ Volvo anuncia novo XC70; híbrido plug-in tem 200 km de alcance elétrico
“Parece que essa opção ainda vai demorar a fazer total sentido para o consumidor. Já os veículos híbridos despontam como alternativa mais aderente às demandas, pelas entregas que vão além do foco climático”, afirma o sócio-líder da área de Consumo da Deloitte no Brasil, Paulo de Tarso.
No Japão e na China, o movimento também é expressivo. A intenção de compra de modelos a combustão subiu para 41% e 38%, respectivamente. Em paralelo, os híbridos seguem em destaque, com 43% das preferências no Japão e 33% na China. Segundo a consultoria, são mercados com forte estímulo à inovação no setor automotivo.
A pesquisa mostra que o veículo híbrido é visto por muitos como solução para equilibrar sustentabilidade e praticidade. O sistema duplo permite rodar em modo elétrico em trechos urbanos e acionar o motor a combustão em viagens longas, sem depender exclusivamente da infraestrutura de recarga.
Além do tipo de motorização, a tecnologia embarcada também pesa nas decisões de compra. A maioria dos entrevistados na China (82%) e na Índia (77%) vê com bons olhos o uso de Inteligência Artificial nos carros, enquanto nos EUA e no Reino Unido essa percepção é menor, com 45% e 43%, respectivamente.
O estudo também mostra resistência à convivência com veículos autônomos. Na Índia, 63% dos consumidores têm receio de dividir as vias com robotáxis. No Reino Unido, o índice chega a 52%. Apesar disso, há disposição dos consumidores em pagar mais por recursos tecnológicos, desde que voltados à segurança e conectividade.
Ainda assim, fatores tradicionais seguem como prioridade. Em todos os mercados analisados, preço, qualidade e desempenho continuam sendo os critérios mais importantes para a escolha de um veículo. A lealdade às marcas varia: os consumidores japoneses tendem a ser mais fiéis, enquanto na China há mais abertura para testar novas fabricantes.
O estudo também analisou diferenças entre faixas etárias. Na Índia, 70% dos jovens entre 18 e 34 anos afirmam estar dispostos a abrir mão do carro próprio em troca de soluções de mobilidade integradas. Na Alemanha, esse índice cai para cerca de 33%.
A pesquisa da Deloitte não incluiu o Brasil, mas especialistas avaliam que o avanço dos híbridos no mercado global pode influenciar o comportamento de compra também por aqui. Para a consultoria, a busca por modelos com menor emissão e maior flexibilidade tende a crescer nos próximos anos.