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IPI zero beneficia mais locadoras do que o consumidor comum

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que reduz as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos leves mais eficientes e menos poluentes. A medida, que entra em vigor em 90 dias, faz parte do programa MOVER (Mobilidade Verde e Inovação) e cria uma nova categoria, o Carro Sustentável, que terá IPI zero desde que atenda a critérios técnicos específicos. Fabricantes já anteciparam novos valores.

Apesar da proposta de estímulo à produção de carros mais sustentáveis, a medida tende a beneficiar principalmente grandes compradores, como locadoras de veículos. Esses grupos têm maior poder de compra, costumam adquirir carros em volume e têm acesso facilitado ao crédito, o que garante participação mais rápida e vantajosa nos descontos oferecidos. imagine depois do período de uso a revenda.

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Já para o consumidor final, com uma renda mais limitada, a isenção do IPI pode ter efeito limitado. Principalmente porque nesse exato momento precisamos levar em consideração o crédito e a taxa de juros.

No varejo, os modelos que se enquadram nos critérios do Carro Sustentável não estão entre os participantes do Programa. O Hyundai Creta é um exemplo disto. É o carro mais vendido no varejo, mas não se enquadra nas propostas federais Além disso, o principal obstáculo para os consumidores de menor poder aquisitivo continua sendo o financiamento.

O acesso restrito ao crédito, com altas taxas de juros e exigência de entrada elevada, segue como barreira para quem deseja trocar de carro ou adquirir o primeiro automóvel. Nesse cenário, a renúncia do imposto tende a ter impacto mais tímido na ponta da venda focada no consumidor final.

Montadoras interessadas em participar do programa deverão credenciar seus veículos junto ao MDIC. Uma portaria oficial será publicada com os nomes dos autos aptos ao benefício. Após a publicação da lista, a venda com IPI zerado poderá começar imediatamente, o que deve movimentar o mercado nas próximas semanas.

A expectativa é que alguns carros já se beneficiem da alíquota zero ainda no segundo semestre, mas a lista inicial tende a ser limitada. Modelos como Fiat Mobi, Argo Renault Kwid, Hyundai HB20 e Volkswagen Polo já anunciaram redução de preços.

Foi suficiente? O Brasil está sendo impulsionado a voltar para os sustentáveis porém menos equipados? Não dá para comparar o programa do Carro Popular do passado mas seria uma reedição atualizada para estimular a compra de um tipo de veículo que o “novo cliente” não quer mais.

Sem uma política complementar de ampliação de crédito, a nova medida tende a favorecer os grandes compradores e não corrige os principais gargalos do mercado automotivo de entrada porque o comprador que o veículo eficiente é topa contribuir com o meio ambiente mas ficar no meio do caminho sonhando alto não faz sentido algum.

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