A nova carga tributária para os híbridos e elétricos, que elevará os preços dos carros, a partir do próximo mês, mexeu nos planos da GWM. A fábrica manteve o discurso de lançar seu primeiro modelo montado no país entre junho e julho mas teve que refazer as contas e mudar de estratégia.
O diretor de assuntos de governo e presidente da ABVE, Ricardo Bastos, falou com a reportagem sobre o desânimo que gerou no setor a medida do imposto para a cadeia de eletrificados estrangeiros. Na semana passada, Bastos tinha conversado sobre o quanto o Governo Federal é a estratégia local da Anfavea influenciou no reposicionamento da chinesa no Brasil. Não somente da GWM.
“Tínhamos um plano de largada e esse foi alterado. Precisamos agora produzir um carro que tem foco no volume e na aceitação popular”. Pelo nosso entendimento, a GWM estava com planos de imediatamente produzir uma picape e um utilitário sob chassis mas não será dessa vez. O primeiro produto deverá ser o SUV Haval H6 montado com baixo índice de nacionalização, claro, todo começo é assim.
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A Volvo comunicou ontem que aplicará 5% de ajuste nos preços a partir do próximo mês e Bastos quando indagado sobre o percentual da GWM disse que eles nada decidiram ainda. Precisam entender a conta, as cotas e como ficará tudo isso até os 20% totais de julho. Os 15% restantes ficará para depois e até a metade de 2026.
Lembre-se de como fica: no caso dos carros híbridos, a alíquota do imposto começa com 12% em janeiro de 2024; 25% em julho de 2024; 30% em julho de 2025; e alcança os 35% apenas em julho de 2026.
Para híbridos plug-in, serão 12% em janeiro de 2024, 20% em julho de 2024, 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026. Para os elétricos, a sequência é 10% (janeiro de 2024), 18% (julho de 2024), 25% (julho de 2025) e 35% (julho de 2026).
A divisão da nova carga tributária, que mais uma vez penaliza o consumidor, mas na ótica do governo federal protege e incentiva evolução tecnológica da indústria nacional, vai abrir espaço para que os fabricantes locais também reajustem os seus preços e anote bem o que estamos escrevendo.
O mercado, no momento, vive gerando bônus e descontos de todos os ajustes de tabela que foram promovidos durante a pandemia. A política da escassez, insumos e o frete internacional assim como a falta de componentes justificava o fato. O dólar baixou, o frete lá de fora também, os insumos voltaram para a normalidade mas os aumentos, que eram sucessivos, pararam porque para o comprador, que não entende que ele dita o mercado essa conta não poderia subir mais.
Os chineses deram um novo olhar e passaram a entregar produtos que fazem o consumidor refletir e todo esse movimento é devido à CAOA Chery que se firmou no mercado, passou a produzir e também importar os SUVs que estão no radar da concorrência. Esse é só um exemplo.
A GWM ainda não tomou a decisão final, Bastos fala sobre o novo impacto de custo. Tudo vai subir. “A decisão de repassar, nós ainda estamos fazendo algumas análises e o que pode acontecer: primeiro se vamos passar tudo ou parcialmente e a outra questão estamos com várias ações promocionais então vamos eventualmente tirar algumas de cena e fazer equilíbrio das contas partir de janeiro”.
Importante destacar que subir de uma vez o preço dos produtos é tirá-los da prateleira mas fracionar o ajuste e absorver alguma coisa será a estratégia utilizada. Enquanto associação pedimos para que a equação dos impostos fosse mais suave, em mais parcelas, mas isso não funcionou, argumentou o executivo.
Todo mundo vai subir de preços
O aumento nos preços dos elétricos e híbridos a partir de janeiro não vai congelar os preços dos carros produzidos no Brasil. Em contrapartida tornará a competição mais equilibrada diante do que entregam os modelos chineses importados.
É prática da indústria na virada de ano, no janeiro das oportunidades, vender o que sobra do estoque do ano anterior com bons descontos e aplicar percentuais novos na correção das tabelas para os veículos que estão em trânsito, fora do pátio das lojas.