Poucos automóveis na história do mercado nacional tiveram uma “vida tão fácil” como a Fiat Toro. Primeiro produto da marca italiana feito na planta da Stellantis em Goiana (PE), em 2016, a picape reina absoluta desde então, completando agora o décimo ano consecutivo de liderança.
Mas essa maré mansa parece que está com os dias contados. Será? Duas gigantes globais estão preparando novas picapes para o segmento das médio-compactas que tem a Rampge. A Volkswagen e a BYD na segunda metade do ano que vem, isso sem contar a Toyota para 2027.
Concessionários da japonesa já viram a picape de Sorocaba, derivada da família Corolla, e “ficaram sem palavras”. Exagero ou não será um grande jogador entre as médias compactas. Mas enquanto isso não acontece, a VW que já ensaia entrar nesse mercado desde 2018, quando apresentou o conceito badalado de uma picape mediana na última edição do Salão do Automóvel de São Paulo.
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Mas agora o projeto vai sair do papel e de São José dos Pinhais, planta vizinha de outro competidor vindo da Argentina, a Renault Niagara. O utilitário já foi até mostrado – bem camuflado – em um evento para a rede de concessionários. Ela terá porte de Toro e motor TSI. Ainda não há informações se nascerá com algum tipo de eletrificação, como uma versão híbrida-leve. A previsão é que ela só seja revelada no final do próximo ano.
Quem chegará antes e, com certeza, já será eletrificada, é a anti-Toro da BYD. O modelo já circula em testes no Brasil, também bastante camuflado, mas já mostra que virá com estilo baseado nos SUVs da linha Song, inclusive o conjunto mecânico híbrido deverá ser o mesmo na picape, só que flex.
E como a BYD não costuma entrar numa “briga” para ser coadjuvante, pode esperar uma picape com acabamento superior, mecânica híbrida com muita potência e tecnologia de sobra a bordo.
Talvez daí saia o primeiro grande obstáculo para a liderança da Toro. Verdade que a Fiat não ficou parada vendo outras concorrentes se preparando para o ringue. A Toro neste ano ganhou novo motor turbodiesel, mais moderno, forte e eficiente, além de um facelift que agradou o mercado.
Quem também quer voltar a morder um pedaço desse bolo é a Renault. A Oroch foi por muitos anos a única concorrente direta da Toro, mas sem incomodar. Os franceses já anunciaram uma picape desse porte, com a plataforma do Kardian, híbrida e 4×4. Agora só falta acelerar esse projeto e tirar do papel.
Assim também foi a Ford Maverick, que chegou há alguns anos, mas devendo em equipamentos e versatilidade. Só que agora a Maverick se reinventou na linha 2025/2026, com ampla lista de tecnologia, teto solar e motorização já consagrada no mercado. Pena que os preços só permitam que a boa picape da Ford só compita com as versões mais caras da Toro.
O desafio de todas as marcas que queiram tentar desbancar o amplo reinado da Toro no Brasil – onde mais de 600 mil unidades já foram produzidas e estão nas ruas – é o mesmo. É preciso lançar uma picape bonita, com boa capacidade de carga, com versões baratas para quem usa para o trabalho e confiável. Se não tiver ao menos esses atributos, pode ter certeza que não vai incomodar a líder.



 


