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Fabricantes tradicionais reagem a incentivos para carros SKD e cobram Lula

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Em 15 de julho de 2025, quatro das maiores fabricantes de veículos instaladas no Brasil  (General Motors, Volkswagen, Toyota e Stellantis) enviaram uma carta conjunta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressando preocupação com o futuro da indústria automotiva nacional.

O principal motivo é a possível concessão de incentivos fiscais à importação de veículos semidesmontados (SKD) ou completamente desmontados (CKD), prática que, segundo as montadoras, pode comprometer a competitividade da produção local.

Embora o texto da carta não cite nomes, o alvo das críticas é claro: a BYD, montadora chinesa que está expandindo sua atuação no Brasil e pleiteando condições menores para viabilizar a montagem de veículos no país a partir de kits importados.

Setor automotivo alerta para riscos à produção nacional

As montadoras destacam que a indústria automotiva brasileira é uma das mais relevantes do país, representando:

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  • 2,5% do PIB nacional

  • 20% do PIB da indústria de transformação

  • 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos

  • US$ 74,7 bilhões em movimentação anual

Segundo o grupo de fabricantes, a adoção de um regime que favoreça a montagem de veículos importados (mesmo que parcialmente feitos no Brasil) colocaria em risco esse ecossistema industrial. A principal crítica é que esse modelo traria pouco valor agregado, não estimularia a inovação local e ainda ameaçaria empregos e a engenharia nacional.

“A importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer”, afirma a carta enviada ao governo.

Investimentos em risco

De acordo com as montadoras, há R$ 180 bilhões em investimentos planejados para os próximos anos, sendo R$ 130 bilhões destinados ao desenvolvimento e produção de veículos e R$ 50 bilhões ao setor de autopeças.

O grupo afirma que esses aportes estão comprometidos com a geração de empregos, expansão de plantas industriais e lançamento de uma nova geração de veículos sustentáveis.

A carta reforça a confiança no governo, mas pede isonomia: que todos os players do mercado atuem sob as mesmas regras e que não haja “privilégios para a importação de veículos desmontados ou produzidos no exterior com subsídios”.

Confira a carta na íntegra:

Excelentíssimo Senhor Presidente Lula,

Com nossos cumprimentos, vimos expor o teor de nossas preocupações quanto ao futuro da indústria automotiva brasileira. O setor tem sido, desde os anos 1950, um importante vetor de industrialização e de crescimento econômico para o Brasil. Nasceu de uma visão desenvolvimentista, impulsionando com sua expansão um dos maiores e mais diversificados parques mundiais de fabricantes de veículos e autopeças.

A cadeia produtiva automotiva exibe números consistentes, que atestam o acerto da estratégia de localização da produção de veículos e seus componentes. São 26 fabricantes de veículos instalados no país e 508 produtores de autopeças, que formam uma cadeia produtiva responsável por 2,5% do PIB brasileiro, 20% do PIB industrial de transformação, pela geração de 1,3 milhão de empregos e por um faturamento anual de US$ 74,7 bilhões.

Nossa indústria planeja investir R$ 180 bilhões nos próximos anos, sendo R$ 130 bilhões no desenvolvimento e produção de veículos e outros R$ 50 bilhões no parque de autopeças.

Essa sólida cadeia industrial consolidou-se ao longo de mais de 70 anos de presença no Brasil. Sucessivas ondas de investimentos no decorrer desse período histórico enraizaram profundamente a capacidade industrial, tecnológica e de desenvolvimento de produtos e engenharia de nosso setor, impactando positivamente a economia e a sociedade. A industrialização urbanizou o país, expandiu o mercado de trabalho, impulsionou a educação e a ciência, somou desenvolvimento econômico ao social. Além de resultar em uma base industrial como poucas no mundo, propiciou a consolidação da engenharia nacional.

É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse ciclo, virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.

Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer. reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível’e geração de empregos.

Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica.

Trazemos nossos argumentos à sua análise, Senhor Presidente, na expectativa de que seu governo assegure igualdade de condições na competição pelo mercado, vetando privilégios para a importação de veículos desmontados ou produzidos no exterior com subsídios. Confiamos na sensibilidade de Vossa Excelência para preservar a isonomia concorrencial e proteger a indústria que produz no Brasil.

Nossos investimentos em curso resultarão em novas plantas industriais, em mais empregos, valor agregado e em uma nova geração de veículos cada vez mais sustentáveis. Reafirmamos, desse modo concreto, nosso compromisso com o fortalecimento da indústria nacional e com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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