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Eletrificação da Fiat representa um passo importante para a indústria nacional

A Fiat fez muita festa e pompa para lançar seus dois primeiros modelos nacionais eletrificados, o Pulse e o Fastback, que ganharam, cada, duas versões híbridas. Nos comentários de publicações nas redes sociais, o que mais se lia eram críticas à escolha da tecnologia “híbrida leve” como primeiro passo na eletrificação no Brasil.

Antes de criticar, porém, o tipo de tecnologia definida pela líder de vendas do nosso mercado é importante situar e contextualizar o atual cenário da indústria automotiva brasileira.

As marcas tradicionais (leia-se Fiat, Ford, Chevrolet, Volkswagen e outras poucas) se viram em um cenário completamente novo com a chegada em massa de modelos eletrificados chineses. Não estou julgando se essas marcas dormiram no ponto ou se realmente não colocavam fé na aceitação do brasileiro na eletrificação.

Diante dessa enxurrada de veículos híbridos e elétricos sendo importados aos montes por gigantes, como BYD, GWM e outras novas que estão chegando e já estocando nos portos, as tradicionais tentaram, primeiramente, o lobby junto ao governo para taxar os eletrificados importados, enquanto corriam para anunciar bilhões de dólares em investimentos na indústria nacional para poder competir com os chineses.

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A taxação não espantou os grandes importadores asiáticos, que, inclusive, também anunciaram grandes investimentos para iniciarem a produção em solo brasileiro. Então, foi necessário correr para dar os primeiros passos para a eletrificação nacional, de fato. Aí entra o papel dos híbridos da Fiat.

É importante lembrar que não se transforma uma linha de produção de modelos a combustão em eletrificados da noite para o dia. Além do aporte bilionário que as “gigantes” já anunciaram, é preciso tempo de desenvolvimento, testes e produção real.

Aí você pode dizer: “Mas se os chineses conseguem trazer milhares de carros eletrificados da China, porque as marcas que já estavam por aqui não fazem o mesmo com seus modelos já elétricos e híbridos que rodam na Europa e outros mercados há tantos anos”? A Jeep fez isso. Só para registrar.

A resposta é simples e ao mesmo tempo complexa. É impossível competir com a capacidade de produção e exportação dos chineses, tanto em volume como em custos. Faltou preparo das marcas tradicionais para acompanhar essa velocidade asiática? Muito provavelmente sim.

Contextualizado o cenário, vamos falar dos híbridos da Fiat.

Acompanhamos o lançamento dos dois modelos em Campinas (SP) e presenciamos uma empolgação que não parecia ser apenas uma encenação dos executivos da Stellantis (grupo do qual a Fiat faz parte, junto com Jeep, RAM, Peugeot, Citroën e outras).

Eles realmente estavam empolgados com o lançamento do Pulse Hybrid e Fastback Hybrid. “Como assim? Um carro híbrido que não tem modo 100% elétrico e resulta em pouco mais de 10% de economia de combustível? Nem sozinho o sistema elétrico traciona o veículo. Por que essa empolgação”?

Porque estávamos diante de mais um marco da indústria automotiva nacional, equiparado, talvez, apenas ao lançamento do primeiro carro movido a Etanol, do primeiro motor flex e outras inovações que teve a Fiat como protagonista.

Os híbridos Fastback e Pulse são o primeiro passo para uma eletrificação acessível. Lembre que a CAOA Chery provocou isso com o Tiggo 5 e 7 e a Kia no Stonic e Sportage (mas falaram muito pouco depois, não souberam espalhar a tecnologia, o sistema). Os carros da italiana não vão competir com os modelos das chinesas e suas autonomias quilométricas. É para dar a chance ao consumidor de bolso leve ou talvez médio a ter o seu primeiro carro eletrificado na garagem.

Mesmo que seja um híbrido leve, o carro é classificado como eletrificado pelos órgãos que regulamentam a indústria e tem, assim, seus benefícios garantidos, sejam fiscais, ambientais ou econômicos. Não vamos mais uma vez julgar se tracionam ou não as rodas e se estariam ou não “abraçados” pela engenharia que defende outro conceito de híbrido.

O “pequeno grande passo” da Fiat na eletrificação é o primeiro degrau de novas tecnologias que a gigante Stellantis promete para o Brasil a partir de agora. Não vai demorar para vermos outros produtos nacionais eletrificados das marcas que compõem o grupo. E a evolução do sistema com mais energia em 2025.

E não para por aí. O ano que vem será uma virada de chave para a indústria nacional. Quem estava dormindo no ponto precisará acelerar ainda mais, principalmente após esses lançamentos da Fiat. Teremos nos próximos 365 dias a partir de 1º de janeiro uma enxurrada de carros eletrificados nacionais. Viva a concorrência!

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