O automóvel se tornou um grande processador de tecnologias mas será que os millenials, hoje de bolsos vazios, com pouca grana, hipnotizados pela onda gigante dos smartphones, irão recuperar o desejo de dirigir? Sentimento que vivemos nos anos 1980 e 1990? Os fabricantes vão ter que dar um jeito de seduzir os “guris”, jovens, como você desejar chamar, para o lado deles e fazer de fato o carro digital.
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A pergunta que faz meu filho, de 16 anos, viciado em games, louco pelo Iphone, é a seguinte: “Pai, eles vão produzir carros melhores que os atuais? Mais conectados, com Alexa a bordo ou a Siri pedindo tudo?” Respondi que sim. E os autos serão ainda mais seguros também. Mas será suficiente para seduzi-lo ante a facilidade de uso do APP de carona ou pagamento de corridas compartilhadas?
Os olhos dessa garotada vão brilhar para AI (inteligência artificial) e nada mais. Para os automóveis de pegada futurista, que projetem no head up display quando o veículo estiver em um estacionamento seguro, uma opção de game. E que o comando de voz faça absolutamente tudo por ele. A internet a bordo, como iniciou a Chevrolet é um recurso? Sim. O On Star também, mas ainda é pouco.
Os carros serão mais amigos? Sim. Lembre-se apenas desse caso: anteriormente os para-choques eram lâminas inimigas do passante. As peças mudaram de propósito e, de um tempo para cá, além da função estética, já são projetados para manter a integridade dos pedestres. Vi de perto, há poucos metros de distância, o crash test do T-Cross que simulou segurança. A tecnologia não só funciona como ferramenta de marketing mas como anjo da guarda limitado, claro.
O Dr. Lance Eliot, renomado especialista em inteligência artificial com especialidade em veículos autônomos, disse em seu artigo à Forbes que crescemos acreditando que possuir um carro era uma parte importante da nossa vida. Algo obrigatório. Obter uma CNH significava a independência do lado jovem para o adulto. Hoje não é mais.
O carro dava credibilidade nas ruas entre seus amigos mas hoje o valor não é mais o mesmo. Em dias de compartilhamento onipresente na vida dos garotos, como Romeo, Gabriel, Duda, Thiago dirigir não é um tema considerado relevante. Mas todos querem um dia. Querem dinheiro para isso. Mas a juventude ainda completa: “Não podemos esquecer a poluição gerada pelos automóveis”. Já pensaram nisso? As montadoras estão de olho e todos os dias correm nos laboratórios para buscar o melhor.
Os garotos querem mesmo os carros conectados acima de tudo. Isso vai chamar a atenção da turma. A nova indústria terá que projetar veículos para cativar os meninos e meninas de hoje, homens e mulheres do amanhã. Gente 100% digital que não sonha como a geração do passado tão perto. Dos adultos da atualidade, em evidência na pirâmide do consumo. No olhar do concessionário.
A eletrônica
Pense na construção desse novo tipo de veículo. Útil e 100% digital. Os fabricantes correndo contra o tempo atrás de soluções que precisam superar as “mesmas” apresentações de produto. Atenção engenharia, vamos repensar a maneira de destacar o de sempre: controle de tração, estabilidade, frenagem, sete bolsas infláveis, barras de proteção… Os millenials não se prendem a esses valores obrigatórios e essenciais de segurança.
Vamos pensar: o veículo precisa, o quanto antes, gerar emoção e a indústria deve atuar em algo semelhante, mais empático ao que o jovem encontra tudo que precisa no celular. Ou o contrário já era. E não vale fazer de conta. Pensem como os jovens. As tentativas de milhões de dólares continuam sendo feitas. O comando de voz, como próximo desafio, é testado, tecnologias com a associação de marcas como Google e Alexa da Amazon, por exemplo, estão em uso e sendo cada vez mais testadas para para socorrer o segmento automotivo nos próximos dois anos. Viva a inteligência artificial.
Veja o que já acontece na automatização das salas e cozinhas com eletrônicos que respondem ao seu comando e o universo das “coisas” só ganhará volume e grandeza. E veremos muito mais na próxima CES 2020, em Las Vegas, nos primeiros dias de janeiro.
Pedir pizza é fichinha
Quem pensa que parou por aí está enganado. As centrais nos paineis dos automóveis vão refletir muito mais do que isso ou da simples leitura de mensagem do WhatsApp. E tem que ser assim para mudar rápido. Lembro que basta conversar com um dono de autoescola para saber que as matrículas para retirada da primeira CNH estão despencando. E detalhe: aquele carro novo para quem passou no vestibular (Enem) parece que não cola mais.
Acredito na força de atuação do 5G como parte da estratégia para movimentar o segmento e conquistar a opinião do novo cliente, meio desinteressado, os millenials, que só falam em chamar o motorista do aplicativo porque a vida dele está resumida à tela do telefone celular. Se for comer, sair, comprar e pesquisar também. Repito isso para que você se lembre. Nos smartphones as câmeras mais sedutoras ainda contribuem para o resgate da fotografias e os posts nas redes sociais.
Na semana passada estive na planta da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, para viver a experiência de uma tarde com tecnologia e segurança. Dois focos. Boa aposta nos valores da VW, na busca pelo cliente digital e na pegada dessa nova concessionária.
A exibição da última geração do manual cognitivo dos carros foi massa (massa significa muito legal) mas a invenção é mal vendida pela montadora, que pouco explora o tema e não mostra o potencial do serviço. E tem mais, não me conformo porque no departamento de cyber tecnologia (vamos chamá-lo assim) da turma da eletrônica, que devora o que vem pela frente, ainda com muito para mostrar, não exibiu um pouco mais do futuro. Desse futuro que promete muito e continua sendo um grande mistério digital.